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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Novena a São João da Cruz


Esta novena é um verdadeiro caminho espiritual. Ao final dela, tenho certeza que você se sentirá leve, e muito mais unido a Deus.

Iniciar todos os dias com estas orações:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém.
Vinde ó Deus em meu auxilio
R. Senhor, apressai-vos em me socorrer
Glória ao Pai...
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra.

Oremos
Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amem.
Cântico Espiritual
Buscando meu Amor, meu Amado / vou por montes e
vales, sem temer mil perigos. / Nem flores colherei no caminho, / pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar! / Já não tenho outro oficio: só amar - o exercício! / Solidão povoada, presença amorosa do Amado!  / Viver ou morrer sem Ele eu não quero ser!
Mil graças, derramando, Ele passa / Lhe descubro as pegadas / Voo, alcanço o infinito! / Oh! Fonte, luz dos olhos, guarida / nosso encontro esconde o segredo do amor!
No gozo deste amor só desejo /os abraços e beijos do Senhor, meu Amado!  / Se acalma, já em paz, a Minh ‘alma: / Deus em mim e eu Nele, tudo é festa sem fim!
Oração:
Senhor nosso Deus, sabemos quanto amais os homens todos, mas em especial aqueles que se tornaram santos e mais semelhantes a Vós. Fazei-nos compreender e buscar a santidade através desta novena em louvor a São João da Cruz, o cantor do Amor, e seguindo seus passos, possamos chegar à contemplação da Vossa glória e gozar-vos eternamente no céu. Isto vos pedimos por Vosso Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.
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1º Dia – Onde é que te escondestes?
Onde é que te escondeste, Amado, e me deixaste com gemido? ”
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 6, 5-13)
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 
O Verbo, Filho de Deus, com o Pai e o Espírito Santo, está essencial e presencialmente escondido no íntimo ser da alma. Para achá-lo, deve, portanto, sair de si mesmo, entrar em seu interior, considerando todas as coisas como se não existissem.
O pecado nos afasta de Deus e esquecemos que Ele está dentro de nós. O Senhor está dentro de nós e somos seu templo. É preciso entrar neste templo para encontrá-lo. Jesus nos ensinou a rezar dizendo: “entra em teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo”.
Chamar Deus de Amado é movê-lo a inclinar-se para ouvir nossos pedidos. É necessário perseverar na oração, permanecer na presença de Deus com o coração unido a Ele, cheio de amor.
É necessário que saiamos de nós mesmos, dos nossos comodismos, da nossa forma rasteira de amar, para que o Senhor possa de fato preencher todo o nosso interior e fazer-nos frutificar em amor, em boas obras.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- O que faço para encontrar a presença de Deus quando experimento a sua ausência e a oração fica difícil?
 Resolução prática
Buscar a presença de Deus em todos os momentos e fugir das ocasiões de pecado que nos afastam do Amor de Deus.

2º dia - Mostra tua presença
Mostra tua presença! / Mate-me a tua vista e formosura; / Olha que esta doença de amor jamais se cura, / A não ser com a presença e a figura. ”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João (Jo 14, 21-24)
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele. Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo? Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.
 Há 3 espécies de presença de Deus na alma. A 1ª é por essência: desta maneira Ele está presente não só nas almas boas e santas, mas também nas más e pecadoras, assim como em todas as criaturas; porque sem essa presença essencial que lhes dá vida e ser, se lhes faltasse, todas deixariam de existir.
A 2ª é a presença pela graça em que Deus habita na alma, satisfeito e contente com ela. Nem todas gozam dessa espécie de presença, pois as que estão em pecado mortal perdem-na; e a alma não pode saber naturalmente se a possui.
A 3ª é por afeição espiritual, e em muitas almas piedosas costuma Deus conceder algumas manifestações espirituais de sua presença por diversos meios, a fim de proporcionar-lhes consolação, deleite e alegria.
Estas presenças são encobertas; nelas, Deus não se manifesta tal qual é, pois não aguentaríamos em nossa vida mortal.
É pela fé que essas verdades são infundidas na alma. A fé nos dá e comunica o próprio Deus.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
 Reflexão
- Como tenho vivido a minha fé Batismal?
- Assumo meus compromissos de cristão com verdadeiro espírito de fé?
- Se sou religioso (a) ou pessoa consagrada, como entendo a fé na minha vida, e como testemunho esta minha fé?
 Resolução prática
Procurar ver Deus em todas as coisas, não se prendendo às suas consolações, mas às verdades da fé. Levar o conforto e o consolo para todos os que sofrem.
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3º dia - Quando Tu me olhavas
Quando tu me olhavas, Teus olhos, tua graça me infundiam. ”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João (Jo 4, 21-24)
Jesus respondeu: Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém. Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade.
É próprio do amor nada querer ou admitir para si, nem se atribuir coisa alguma, mas referir tudo ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus, onde tanto obriga a razão! O olhar de Deus é o seu Amor. Inclinando-se para a alma, imprime e infunde nela misericordiosamente o amor e a graça de Deus. E quando Deus põe na alma a sua graça, torna-a digna e capaz do seu amor. Anima-se agora, porque recebe do olhar de Deus o valor que nele tem, embora por si mesma nada valha, nem merece estima alguma.
São João da Cruz quer levar a todos nós o conhecimento da grandeza de Deus e das graças inumeráveis que Ele nos faz tanto nos bens espirituais como nos temporais. Convida-nos a servi-lo e adorá-lo com todas as forças e diz que se antes não o fazíamos é porque não O conhecíamos. Agora, porém que Ele já nos fitou nós podemos adorá-lo de todo o coração.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Nossas imperfeições, e nossos pecados nos impedem de experimentar a graça e a formosura de Deus? O que fazer para melhorar neste ponto?
- O que podemos fazer para crescer cada dia mais na graça e na prática das virtudes para testemunharmos a beleza e a formosura de Deus na nossa vida?
Resolução prática
Procurar abrir o coração, para que Deus possa olhar cada vez mais para cada um de nós e assim receber Dele graça sobre graça, para que Ele possa descobrir em nós as virtudes que nós trocamos pelos pecados de outrora.
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4º dia - Em uma noite escura
Em uma noite escura / De amor em vivas ânsias inflamada, /Oh! Ditosa ventura! / Saí sem ser notada, já minha casa estando sossegada. ”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 25, 1-13)
Então o Reino dos céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas. Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide ao seu encontro. E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. As prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós. Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as outras e diziam: Senhor, senhor, abre-nos! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo: não vos conheço! Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
São João da Cruz quer mostrar que para chegar à divina união é necessário passar pela Noite Escura. É a noite escura da mortificação dos apetites e a renúncia a todos os prazeres deste mundo.
Se soubessem as almas a abundância de graças e de bens espirituais de que se privam, recusando desapegar-se inteiramente do desejo das ninharias deste mundo! Quem se abandona aos apetites sabe por experiência que, no princípio a paixão parece doce e agradável e que somente mais tarde se produzem seus efeitos cheios de amargor. Ao resistir, adquire força, pureza, luz, consolação e outros bens.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Conheço os meus limites, fraquezas, apetites?
- O que faço no sentido do autoconhecimento?
- Deus é maior do que minhas fraquezas. Aceito-me como sou, procurando crescer ou me limito a olhar o meu lado fraco?
Resolução prática
Procurar viver uma vida de fé, esperança e caridade para preparar-se à união com Deus esvaziando-se de todo o criado e fugindo de toda ocasião de pecado.
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5º dia - Em uma noite escura II
Em uma noite escura / De amor em vivas ânsias inflamada, / Oh! Ditosa ventura! / Saí sem ser notada, já minha casa estando sossegada. ”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 8, 22-25)
Num daqueles dias ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse ele: Passemos à outra margem do lago. E eles partiram. Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo. Aproximaram-se dele então e o despertaram com este grito: Mestre, Mestre! Nós estamos perecendo! Levantou-se ele e ordenou aos ventos e à fúria da água que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança. Perguntou-lhes, então: Onde está a vossa fé? Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: Quem é este, a quem os ventos e o mar obedecem?
O sair de si mesma e de todas as coisas para chegar a viver vida doce e saborosa com Deus acontece em “uma noite escura”. São 2 noites:
- A noite dos sentidos: purificação da alma segundo o sentido, submetendo-o ao espírito.
- A noite do espírito: purifica e despoja a alma segundo o espírito, acomodando-a e dispondo-a para a união de amor com Deus.
Sinais para reconhecer estas 2 noites:
1º) falta de gosto ou consolo, não somente nas coisas de Deus, mas também em todas as coisas. Se a noite escura vem de imperfeições e pecados, a alma sente certa inclinação e desejo de contentar-se em coisas diferentes das de Deus. Pode também provir de depressão ou indisposição física.
2º) tem a alma lembrança contínua de Deus, imaginando que não o serve. Essa purificação dá ao espírito coragem e força para agir. Quando procede essa aridez por tibieza e relaxamento, a alma não faz caso e nem tem solicitude pelas coisas de Deus.
3º) impossibilidade de meditar.
Como proceder?
 - Ter paciência e não se afligir. Confie em Deus;
- Não se preocupe com a meditação. Deixe a alma ficar sossegada, e persevere, mesmo se achar que não faz nada, e não procure gosto ou consolação;
Proveitos que esta noite traz:
- Deus tira a alma das faixas da infância, descendo-a dos braços e fazendo-a andar com os seus próprios pés;
- Conhecimento de si mesmo e de sua miséria;
- Conhecimento da grandeza de Deus, ficando o entendimento livre para aprender a verdade. Para ouvir a voz de Deus convém a alma estar firme;
- Ganha humildade espiritual, purificando-se de toda soberba em que costumava cair;
- Torna a alma submissa e obediente, perdendo a presunção que tinha;
- Liberta a alma das impurezas quanto a luxúria, mantém refreados a concupiscência e o apetite, perde a força das paixões;
- A alma exercita-se nas virtudes, perseverando nos exercícios espirituais mesmo sem achar consolo nem gosto;
- A alma consegue paz, contínua lembrança de Deus, pureza de espírito;
A alma que Deus há de levar mais adiante purifica mais o Senhor a fim de levá-la a divina união”. São João da Cruz
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
 Reflexão
- Sei distinguir a aridez, fruto da imperfeição, daquela aridez que é purificação de Deus operando na minha alma?
- Observo os proveitos que veem à minha alma por estas purificações?
Resolução prática
Procurar acolher com docilidade as purificações de Deus a fim de permitir que Ele realize a sua obra de amor purificando e consolando, elevando à contemplação verdadeira.
Compreender e ajudar aqueles que passam pela mesma purificação.
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6º dia - Em uma noite escura III
Em uma noite escura / De amor em vivas ânsias inflamada, / Oh! Ditosa ventura! / Saí sem ser notada, já minha casa estando sossegada. ”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 4, 1-13) 
Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante este tempo ele nada comeu e, terminados estes dias, teve fome. Disse-lhe então o demônio: Se és o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne pão. Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus (Dt 8,3). O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe num só momento todos os reinos da terra, e disse-lhe: Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu. Jesus disse-lhe: Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só servirás (Dt 6,13). O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te guardassem. E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma pedra (Sl 90,11s.). Jesus disse: Foi dito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16). Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião.
Tendo Deus purificado os sentidos, agora prepara a alma para purificar o seu espírito, porque as manchas do homem velho permanecem ainda no espírito, embora a alma não as perceba nem as veja. Costuma o inimigo encantar e enganar com grande facilidade, se a alma não tiver cuidado de renunciar e defender-se fortemente na fé, contra todos esses sentimentos.
Para chegar à união plena de amor, convém à alma entrar na noite do espírito. Nela Deus vai em segredo ensinando a alma e instruindo-a na perfeição do amor. Trava dentro dela um combate espiritual. A alma sente-se desprezada e abandonada, seja por Deus como pelas criaturas, especialmente pelos amigos. Não consegue rezar, parece que o Senhor pôs uma nuvem diante dela a fim de que não chegue e Ele sua oração.
Isto acontece só para dar-lhe luz em todas as coisas. Se ela o humilha, é apenas com o fim de exaltá-la e elevá-la.
Degraus da escada mística de amor
1º - faz a alma adoecer salutarmente de amor. Esta enfermidade, porém, não é para morrer, senão para glorificar a Deus;
2º - faz com que a alma busque sem cessar a Deus;
3º - faz a alma agir e lhe dá calor para não desfalecer;
4º - causa na alma disposição para sofrer, sem se fatigar, pelo seu Amado;
5º - faz a alma apetecer e cobiçar a Deus impacientemente;
6º - leva a alma a correr para Deus com grande ligeireza, e muitas vezes consegue nele tocar porque está dilatada no amor.
7º - torna a alma ousada com veemência, pois o amor leva-a a atrever-se impetuosamente;
8º - faz a alma agarrar e segurar sem largar o Seu Amado: “achei o que ama a minha alma, agarrei-me a Ele e não o largarei mais” (Ct 3, 4);
9º - faz a alma arder suavemente com doçura e deleite de amor produzido pelo Espírito Santo;
10º - faz a alma assemelhar-se totalmente a Deus, em virtude da clara visão de Deus que a alma já possui: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8).
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Como me comporto no estado de purificação e sofrimento que vem do encontro entre o divino e o humano?
- Há uma diferença total entre noite escura e depressão. Consigo fazer a diferença e entender os estados de alma e a doença?
Resolução prática
Entregar-se, confiantemente ao Senhor, deixando-se purificar para chegar à perfeição do amor. Não perder tempo no caminho da santificação e levar outros pelo mesmo caminho.
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7º dia - Os 3 inimigos da alma
Nos chamados "Pequenos Tratados Espirituais", de São João da Cruz, Reformador do Carmelo, encontramos as "Cautelas" que ele ensinava a seus discípulos para serem usadas contra "os três inimigos da alma", que são, como nos ensina o Catecismo: "o mundo, o demônio e a carne."
A alma que se põe em caminho rumo ao céu encontrará diante de si diversas barreiras. Precisará superar diversas adversidades, tanto externas quanto internas para alcançar o tão sonhado céu.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 4, 1-9)
Jesus dizia-lhes em sua doutrina: Ouvi: saiu o semeador a semear. Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho e vieram as aves e a comera (demônio). Outra parte caiu no pedregulho onde não havia muita terra (carne); o grão germinou logo, porque a terra não era profunda; mas assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos (mundo); estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto. Outra caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se; um grão rendeu trinta, outro sessenta, outro cem. E dizia: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Podemos perceber neste Evangelho aquilo o que São João da Cruz chama de “os três inimigos da alma”.
Assim, o que os três inimigos da alma tentam destruir é justamente a palavra de Deus plantada e cravada em nosso coração. Dessa forma, ficamos sem armas para o ataque, tornando-nos presas fáceis. Trata-se então de uma verdadeira Guerra, uma batalha espiritual com soldados, estratégias e tanques de guerra. E o que está em jogo é a nossa própria salvação! O que está em jogo é o Céu. Mas sabemos que, em Cristo somos mais que vencedores e que esta batalha já foi ganha na Cruz!
São João da Cruz nos ensina que para vencer qualquer destes inimigos é preciso vencer os três, e enfraquecendo um, enfraquecem-se os outros dois. Vencidos os três, cessa a guerra da alma. Mas, para vencer o inimigo, é preciso conhecê-lo, saber de suas estratégias e artimanhas, para melhorar nossa defesa e para vencê-los, a fim de que nossa fé produza fruto cem por um.
CONTRA O MUNDO
Dentre os três inimigos da alma, o mundo é o que menos dificuldade oferece. Temos que optar: ou amamos o mundo, com suas falsas delícias e mentiras ou amamos o Senhor que nos deu a vida. Não se pode, como o próprio Jesus já ensinou, amar o mundo e a Deus ao mesmo tempo.
Mas ao optar pela “porta estreita” de Jesus, a alma deverá passar por algumas perdas: a “perda” dos amigos, a “perda” dos deleites mundanos, a “perda” da consideração e admiração dos amigos e conhecidos. Vivemos no mundo, mas não somos do mundo; “tudo podemos, mas nem tudo nos convém”. Para Jesus o que vemos como perda, é antes, um ganho para Deus. É hora de trocarmos tudo, pelo Tudo que é o Senhor. Não vale a pena desgastar a nossa vida com aquilo o que passa…
Se optarmos de uma vez por todas por Jesus este inimigo não mais terá força contra nós. Então, a palavra chave para lutar e vencer este primeiro inimigo é o desapego. 
Para conseguires libertar-te perfeitamente do dano que o mundo te pode causar, hás de usar de 3 cautelas:
Primeira cautela
- A primeira cautela é que a respeito de todas as pessoas: tenhas igual amor e igual esquecimento, quer sejam parentes, quer não o sejam, desprendendo o coração tanto de uns como de outros; e até, de certo modo, mais dos parentes pelo receio de que a carne e o sangue venham a exacerbar-se com o amor natural que costuma existir entre os parentes e que convém mortificar sempre para atingir a perfeição espiritual.
- Considera a todos como estranhos e desta maneira cumprirás melhor o teu dever para com eles do que pondo neles a afeição que deves a Deus. Não ames mais uma pessoa do que a outra, porque errarás, pois é digno de maior amor aquele que Deus mais ama e tu ignoras a quem Ele ama mais. Esquecendo-os, porém, igualmente a todos como te convém fazer para o santo recolhimento, livrar-te-ás do erro do mais e do menos com relação a eles.
Nada penses em relação a eles, nem bem, nem mal. Evita-os, o quanto te for possível. E se fores remisso em observar estes pontos, não saberás ser religioso, nem poderás chegar ao santo recolhimento, nem se livrar das imperfeições que isso traz consigo. E, se nesse particular quiseres permitir-te alguma liberdade, com um ou com outro, enganar-te-á o demônio ou tu a ti mesmo.
Segunda Cautela
- A segunda cautela contra o mundo se refere aos bens temporais. Para te livrares completamente dos danos desta espécie e refreares a demasia do apetite, faz-se mister aborreceres toda forma de propriedade. Não deves ter cuidado algum a esse respeito, nem de comida, nem de vestido, nem de outras coisas criadas, nem do dia de amanhã, empregando essa solicitude em outra coisa mais elevada, que é buscar o reino de Deus, ou seja, em não faltar a Deus, porque o demais, como disse Sua Majestade (Mt 6,33), ser-nos á dado em acréscimo, pois não há de esquecer de ti aquele que cuida dos animais. Com isso adquirirás silêncio e paz nos sentidos.
Terceira cautela
- A terceira cautela é muito necessária para saberes te guardar, no convento, de todos os danos a respeito dos religiosos, pois, por não haverem observado, muitos não apenas perderam a paz e o bem da sua alma, como vieram e vêm, ordinariamente, a cair em muitos males e pecados. Consiste essa cautela em evitares com todo o cuidado o pensamento e mais ainda falar sobre o que se passa na comunidade; o que acontece ou aconteceu com qualquer religioso em particular; não te ocupes da sua maneira de ser, do seu trato, das suas coisas, por mais graves que sejam. Nem a pretexto de zelo, de remédio a dar, digas coisa alguma, a não ser a quem de direito convém dizê-lo a seu tempo. Não te escandalizes nem jamais te admires de coisas que vejas ou percebas, procurando guardar tua alma no esquecimento de tudo isso. Porque se quiseres reparar em alguma coisa, mesmo que vivas entre anjos, muitas coisas não te parecerão bem por não compreenderes a substância delas.
- Sirva-te de exemplo a mulher de Ló, que por se ter perturbado com a perdição dos sodomitas e voltado a cabeça para observar o que se passava, a castigou o Senhor transformando-a em estátua de sal. É para que entendas que, ainda no caso de viveres entre demônios, Deus quer que vivas de tal modo no meio deles que não desvies a cabeça do pensamento às suas coisas, mas as deixe totalmente, procurando conservar a alma pura e inteira em Deus, sem que qualquer pensamento a respeito disso ou daquilo, te possa estorvar.
E para isso tem o fato comprovado que nos conventos e comunidades nunca há de faltar empecilhos, pois nunca faltam demônios que procuram derrubar os santos, e Deus assim o permite para os exercitar e provar.
E, se não tomares precaução, segundo ficou dito, fazendo como se não estivesses em casa, não poderás ser religioso, por mais que se esforces, nem chegar à santa desnudez e recolhimento, nem te libertar dos danos que isso acarreta. Porque, não fazendo assim, por melhor intenção e zelo de que estejas animado, numa ou noutra coisa te colherá o demônio, e bastante envolvido já te encontras quando dá ensejo a que q tua alma se distraia em qualquer dessas coisas. Recorda-te do que disse o Apóstolo São Tiago (1,26): Se alguém julga que é religioso, não refreando a língua, é vã a sua religião. E isto estende-se não menos da língua interior que da exterior.
CONTRA O DEMÔNIO
Este segundo inimigo, o demônio, é o mais difícil de se descobrir suas obras. Dentre os três, ele é o mais forte e o mais obscuro de se perceber, suas astúcias e tentações são as mais fortes e duras de se vencer por se tratar de um ser espiritual. Sua inteligência e acuidade mental são superiores à nossa. Suas faculdades são maiores que a humana, uma vez que, sendo anjo, possui a natureza e capacidades angelicais.
Só pela luz do Espírito e pelos ensinos da Igreja sobre o demônio conseguimos desvendar as artimanhas e insídias do inimigo de Deus. Sabemos que as obras demoníacas são repugnantes e por isso, para nos oferecê-las, satanás precisa revesti-las sob a forma do bem. Caso contrário, não a aceitaríamos. Daí a importância do Espírito de Deus. Assim, o inimigo é fragilizado pois suas obras são desmascaradas.
É pela humildade que vencemos o diabo e tornamos fracas todas suas obras. Quanto mais humildes, menos ocasiões de queda serão encontradas em nós, uma vez que conhece bem a natureza de uma alma orgulhosa.
Humildade exige desapego de si mesmo. Desapego das próprias vontades, do próprio querer. Humildade supõe humilhação. Humildade supõe obediência. Humildade exige silêncio mesmo diante de acusações e falsos testemunhos. Humildade exige esquecer-se de si mesmo. Jesus foi obediente ao Pai até a morte de Cruz. Assim, quanto mais humildes formos, mais parecidos com Jesus seremos e mais força teremos diante do demônio para vencê-lo.
 Destas 3 cautelas deve lançar mão quem quer aspirar à perfeição, a fim de livrar-se do demônio, seu segundo inimigo. Para isso, é de advertir que, entre os numerosos ardis usados pelo demônio para enganar os espirituais, o mais comum é enganá-los sob a aparência de bem e não sob a aparência de mal; pois sabendo que, conhecido o mal, dificilmente o abraçariam. E, assim, hás de acautelar-te sempre de que te parece bem, máxime não intervindo nisso a obediência. A segurança e o acerto nestas coisas reside no conselho daquele que o deve dar.
Primeira cautela
- Seja, pois, a primeira cautela, no sentido de que jamais te movas a coisa alguma, ainda que te pareça boa e cheia de caridade, quer para ti quer para qualquer outra pessoa, dentro e fora de casa, sem ordem de obediência, a não ser para aquilo que por ordem estás obrigado. Com este modo de proceder, adquirirás mérito e segurança. Livra-te de propriedade e fugirás do demônio e evitarás danos que nem imaginas e de que, a seu tempo, Deus te pedirás contas. Mas, se não observares esta cautela, tanto no pouco como no muito, por mais que te pareça acertar, não deixarás de ser enganado, em pouco ou em muito, pelo demônio. E se não te regeres em tudo pela obediência, já não estarás isento de erro culposo, pois Deus quer antes a obediência que sacrifícios (1Sm 15, 22). As ações do religioso não lhe pertencem, mas são da obediência e se dela as subtraíres, delas te pedirão contas, como se fossem perdidas.
Segunda cautela
Seja a segunda cautela no sentido de jamais considerares o prelado menos que Deus, seja ele quem for, pois foi constituído em seu lugar. Acautela-se neste ponto, pois o demônio, inimigo da humildade, mete muito aqui a mão. E considerando o prelado do modo acima dito, será grande o bem e aproveitamento que te advirão, e não sendo assim, grande a perda e o dano. E, portanto, põe-te cuidadosamente de sobreaviso para não considerares a sua índole, o seu trato, a sua aparência, nem outras maneiras suas de proceder; porque com isso far-te-ás tanto dano que virás a mudar a obediência de divina em humana, movendo-te ou não, apenas pelos modos que puderes observar visivelmente no prelado, e não no Deus invisível, a quem nele serves. E a tua obediência será vã ou tanto mais infrutuosa quanto mais te magoares com a índole adversa do teu prelado, ou com a sua índole agradável, te alegrares. Asseguro-te que por haver o demônio feito com que considerassem as coisas por este prisma, induzindo a pôr os olhos nestas exterioridades, acerca da obediência, conseguiu arruinar na perfeição a muitíssimos religiosos, e seus atos de obediência são de muito pouco valor diante de Deus.
Se não te esforçares neste ponto, de modo que já pouco te importe que o prelado seja este ou aquele, pelo que pessoalmente te diz respeito, não poderás de forma alguma ser espiritual nem observar bem os teus votos.
Terceira cautela
A terceira cautela, diretamente contra o demônio, é que no íntimo do coração procures sempre humilhar-te em palavras e obras, regozijando-se do bem dos outros como se fosse teu e querendo que sejam preferidos a ti em todas as coisas e isto com inteira sinceridade. Assim agindo, vencerás o mal com o bem, expulsarás o demônio para longe e andarás com alegria no coração; e procura exercitar mais isto com os que menos te caírem em graça.
E fica sabendo que se assim não exercitares, não chegarás à verdadeira caridade, nem nela aproveitarás. E sê sempre mais amigo de ser por todos ensinado do que de querer ensinar ao menor entre todos.

CONTRA A CARNE
É o mais tenaz dos inimigos. Ela oferece continuamente uma oposição ao espírito e durará até quanto durar o homem velho em nós. Combate difícil, pois dentro de nós estão em confronto duas leis: a do espírito e a do pecado. De um lado a concupiscência carnal – que é a tendência a fazer o mal. Por outro lado, os mandamentos de Deus e suas leis.
Realizar aquilo o que a carne pede é nos satisfazer pessoalmente, é não ser refém dos próprios sentimentos, dos desejos e do querer. E vencer a carne é, antes de tudo, vencer o pecado que nela habita. Arrancá-lo de nosso coração como se faz com as ervas daninhas em um terreno. Assim, para vencermos este terceiro e pegajoso inimigo precisamos da constância e da mortificação.
Vencer a carne é fazer aquilo o que não gostaríamos de fazer. Os homens guiados pelo Espírito não fazem aquilo o que gostariam de fazer porque “os desejos da carne se opõe aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros” (Gl 5,17). Muitas vezes a vontade de Deus não é a nossa. Assim, exige-se de nós a mortificação. Nas pequenas coisas cotidianas vencemos a carne se fazemos aquilo o que não gostamos de fazer. Seja o arrumar casa, o fazer a vontade do outro, o silenciar diante das contrariedades, etc.… Se nas pequenas coisas conseguimos dizer não às regras da carne, na luta contra o pecado será da mesma forma.
De mais 3 cautelas há de usar aquele que quiser vencer-se a si mesmo e à sua sensualidade, seu terceiro inimigo.
Primeira cautela
A primeira cautela é que compreendas que não vieste para o convento senão para que todos te instruam e exercitem. E, assim, para te livrares das imperfeições e perturbações que te podem oferecer a índole e o trato dos religiosos e tirar proveito de todos os acontecimentos, convém pensar que todos os que se encontram no convento são agentes encarregados de te exercitar, como o são na realidade: que uns te hão de aperfeiçoar por palavras, outros por obras, outros pensando mal de ti e que a tudo hás de estar sujeito, como a estátua o está a quem a lavra, pinta e doura. E se não observares está norma, não conseguirás vencer tua sensualidade e sentimentos, nem saberás conviver em harmonia no convento com os religiosos, nem alcançarás a santa paz, nem te livrarás de muitos tropeços e males.
Segunda cautela
A segunda cautela é que jamais deixes de fazer obras por não encontrar nelas gosto e prazer, se convier ao serviço do Senhor que se façam; nem as executes apenas pelo prazer e gosto que te proporcionam, senão que deves fazê-las tanto quanto as desagradáveis. Porque sem isso é impossível adquirires constância e venceres a tua fraqueza.
Terceira cautela
A terceira cautela seja que nunca o varão espiritual ponha os olhos no prazer dos exercícios para a eles se apegar, vindo a fazê-los só pelo gosto que lhe proporcionam; nem fuja do amargo deles, mas antes procure de preferência o trabalhoso e o desagradável. Com isso põe-se freio à sensualidade, pois, de outra forma, não perderás o amor próprio, nem ganharás o amor de Deus.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Procuro conhecer melhor os inimigos da alma para combatê-los?
- Prefiro viver uma vida cômoda e fácil do que combater nesta guerra contra os inimigos da alma?
Resolução prática
Procurar a luz, a força do Espírito Santo para combater nesta guerra contra os inimigos de nossa alma, que buscam sem cessar nos desviar do caminho da salvação não nos contentando em viver uma vida medíocre, mas aspirando à santidade.
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8º dia - Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João (Jo 14, 12-17)
Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei. Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.
 Graus de perfeição 
  1. Por nada neste mundo cometer pecado, nem mesmo venial com plena advertência, nem imperfeição conhecida;
  2. Procurar andar sempre na presença de Deus, real, imaginária ou unitiva, segundo se coadune com as obras que está fazendo;
  3. Nada fazer nem dizer coisa de importância, que Cristo não pudesse fazer ou dizer se estivesse no estado em que me encontro e tivesse a idade e saúde que eu tenho;
  4. Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus;
  5. Por nenhuma ocupação deixar a oração mental que é o sustento da alma;
  6. Não omitir o exame de consciência, sob pretexto de ocupações, e, por cada falta cometida, fazer alguma penitência;
  7. Ter grande arrependimento por qualquer tempo não aproveitado ou que se lhe escapa sem amar a Deus;
  8. Em todas as coisas, altas e baixas, tenha a Deus por fim, pois de outro modo não crescerá em perfeição e mérito;
  9. Nunca falte à oração e quando experimentar aridez e dificuldade, por isso mesmo persevere nela, porque Deus quer muitas vezes ver o que há na sua alma e isso não se prova na facilidade e no gosto;
  10. Do céu e da terra sempre o mais baixo e o lugar e o ofício mais ínfimo;
  11. Nunca se intrometa naquilo de que não te encarregaram, nem discuta sobre alguma coisa, ainda que esteja com a razão. E, no que lhe for ordenado, se lhe derem a unha (como se costuma dizer) não queira tomar também a mão, pois alguns, nisto se enganam, imaginando que têm obrigação de fazer aquilo que, bem examinado, nada os obriga;
  12. Das coisas alheias não se ocupe, sejam elas boas ou más, porque além do perigo que há de pecar, essa ocupação é causa de distrações e amesquinha o espírito;
  13. Procure sempre confessar-se com profundo conhecimento de sua miséria e com sinceridade cristalina;
  14. Ainda que as coisas de sua obrigação e ofício se lhe tornem dificultosas e enfadonhas, nem por isso desanime, porque não há de ser sempre assim, e Deus, que experimenta a alma simulando trabalho no preceito, daí a pouco lhe fará sentir o bem e o lucro;
  15. Lembre-se sempre de que tudo quanto passar por si, seja próspero ou adverso, vem de Deus, para que assim nem num se ensoberbeça nem no outro desanime;
  16. Recorde-se sempre de que não veio senão para ser santo e assim não consinta que reine em sua alma algo que não leve à santidade;
  17. Seja sempre mais amigo de dar prazer aos outros do que a si mesmo e, assim, com relação ao próximo, não terá inveja nem predomínio. Entenda-se, porém, que isso se refere ao que for segundo a perfeição, porque Deus muito se aborrece com os que não antepõe o que lhe agrada ao beneplácito dos homens.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Os primeiros Apóstolos, homens frágeis como nós, caíram, experimentaram o desânimo, o medo, a desconfiança, mas deixaram-se tocar pelo Espírito Santo em Pentecostes. Que faço eu?
- Procuro Deus das consolações ou as consolações de Deus?
 Resolução prática
Pedir a graça do Espírito Santo para buscar de todo o coração a perfeição cristã, para alcançar e ajudar que meus irmãos alcancem a santidade.
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9º dia - O Monte da perfeição
Subida do Monte
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 7, 13-27)
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.
São João da Cruz como confessor do convento da Encarnação (1572-1577), desenhou o Monte da perfeição. O Santo usava pedagogicamente o desenho em seu magistério espiritual. Desenhava vários deles e os presenteava aos seus dirigidos.
Neste desenho é representado o esquema da Subida do monte Carmelo, a subida para se alcançar a perfeição. (está na última página)
Reprodução e transcrição do "Monte" de 1618 (Desenho)
Os versículos seguintes explicam o modo de subir pela senda do Monte de Perfeição e alertam para não ir pelos dois caminhos sinuosos.
Modo de vir ao TUDO
Para vir ao que não sabes, / Hás de ir por onde não sabes. / Para vir ao que não gostas, / Hás de ir por onde não gostas. / Para vir ao que não possuis, / Hás de ir por onde não possuis. / Para vir a ser o que não és, / Hás de ir por onde não és.

Modo de obter o TUDO
Para vir a saber tudo, / Não queiras saber algo em nada. / Para vir a saborear tudo, / Não queiras saborear algo em nada. / Para vir a possuir tudo, / Não queiras possuir algo em nada. / Para vir a ser tudo, / Não queiras ser algo em nada.

Modo para não impedir o tudo
Quando reparas em algo, / Deixas de lançar-te ao tudo. / Porque para vir de todo ao tudo, / Hás de deixar de todo ao tudo. / E quando venhas de todo a ter, / Hás de tê-lo sem nada querer. Porque se queres ter algo em tudo, Não tens puro em Deus teu tesouro.

Indício de que se tem tudo
Nesta desnudez encontra o espírito sossego e descanso, porque, como nada cobiça, nada o impele para cima e nada o oprime para baixo, porque está no centro de sua humildade; em cobiçando algo, nisso mesmo se fadiga.
(Em torno do Monte)
Monte de Deus, monte elevado, monte alcantilado, monte em que Deus se compraz em habitar (Sl 67, 16-17)
(As 3 sendas do Monte, da esquerda para a direita)
Caminho do espírito imperfeito: Demorei mais e subi menos, porque não tomei a senda. Bens do Céu – por havê-los procurado tive menos do que teria se houvesse subido pela senda.
Senda estreita da perfeição:Estreito é o caminho que conduz à vida” Mt 7, 14.
Bens do Céu: Glória – nem isso; segurança – nem isso; gozo – nem isso; consolos – nem isso; saber – nem isso; Nada, nada, nada, nada, nada.
Bens da terra: Gosto – também não; liberdade – também não; honra – também não; ciência – também não; descanso – também não. Tanto mais algo serás, quando menos o quiseres ser.
Caminho do espírito errado: Quanto mais os procurava, com tanto menos me achei – Não pude subir ao Monte por enveredar por caminho errado.
(Cimo do Monte, da esquerda para a direita segundo os diversos planos)
Quando não o quis, com amor de propriedade, foi-me dado tudo sem que o buscasse
E no Monte, nada
Por aqui não há caminho, pois para o justo não há lei.
Depois que me pus em nada, acho que nada me falta.
Sabedoria, Ciência, Fortaleza, Conselho, Inteligência, Piedade, Temor de Deus
Justiça, Força, Prudência, Temperança
Caridade, Alegria, Paz, Longanimidade, Paciência, Bondade, Benignidade, Mansidão, Fé, Modéstia, Continência, Castidade
Segurança – Fé, Esperança, Amor
Divino Silêncio – Divina Sabedoria – Perene Convívio
SÓ MORA NESTE MONTE A HONRA E A GLÓRIA DE DEUS.
Eu vos introduzi na terra do Carmelo, para que comêsseis o seu fruto e o melhor dela” (Jr 2,7)
A perfeição desta vida será a “união transformante”, na qual a vontade da alma se acha transformada, pelo amor, na vontade de Deus: duas vontades num só e mesmo amor. Graça muito alta e rara. Embora eles também sejam dons gratuitos de Deus, podemos e devemos nos dispor a recebê-los. Deus não põe sua graça na alma senão na medida da vontade e do amor dela.
A Subida ensina a entrega a Deus e o caráter total que deve revestir. Não admite complacência ou meia medida. Exige a renúncia absoluta. Desejando a alma que Deus se dê todo a ela, deve entregar-se toda a Ele. Sem dúvida, é Deus que vem a nós; todavia, devemos nos pôr a caminho, procurá-lo, remover os obstáculos.
Oração
Ó Deus que guiastes São João da Cruz à santa Montanha que é Cristo, através da noite escura da renúncia e do amor ardente à Cruz, concedei-nos segui-lo como mestre de vida espiritual para atingir contemplação de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São João da Cruz, rogai por nós. Amém.
Reflexão
- Procuro conformar a minha vontade com a vontade de Deus?
- Procuro trilhar o caminho estreito, ou prefiro a estrada larga e espaçosa?
Resolução prática
Procurar fazer em tudo a vontade do Bom Deus, mesmo que essa vontade muitas vezes me faça sofrer, pois muito maior será a minha recompensa no céu.

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