O milagre do amor

Ela tinha apenas 22 anos.

Último ano da faculdade.

Mas o câncer não escolhe idade nem classe social, e quando você ou alguém da sua família é acometido com esta enfermidade parece que o mundo desaba sobre si.

Não quero estender muito o meu relato, quero ser bem direta, pois quero mostrar acima de tudo a ação de Deus em nossa vida.

Minha filha Rosimeire foi diagnosticada com câncer

de mama aos 22 anos de idade. Quando o médico leu o exame para nós duas, não dissemos uma palavra, apenas olhamos uma para a outra e não conseguimos conter as lágrimas. Eu a abracei, disse que a amava muito e que juntas lutaríamos, agarradas em Deus pela cura.

A cirurgia foi bem agressiva, tirou grande parte de sua mama direita, mas ela optou por não colocar silicone. Não estava preocupada com a estética naquele momento.

O tratamento com a quimioterapia foi doloroso e angustiante. Não demorou muito a perder todos os pelos do corpo. A pele dela ficou tão pálida, sei lá, um tom esverdeado. Era muito triste ver minha “menina” daquele jeito. E em momento algum eu deixava de ser eu mesma perante ela.

Nós partilhávamos os nossos medos. Ela não queria morrer e eu não queria perdê-la. Choramos muitas vezes agarradas uma à outra implorando a misericórdia de Deus sobre nós.

Após a quinta sessão de quimioterapia vivemos momentos de muito sofrimento e angústia. Rosimeire ficou tão debilitada, tão vulnerável que não podia receber nenhuma visita; teve que ficar de máscara, isolada em um quarto, como se tivesse uma doença contagiosa. Eu entregava a comida para ela com a porta entreaberta e quando ela fechava a porta eu sentava no chão e ficava escutando os seus soluços do outro lado. Então eu corria para o meu quarto e me prostrava diante do oratório que meu marido tinha feito para mim. Foi o último presente que me deu. Meses depois ele faleceu em um trágico acidente de carro.

No oratório ele colocou uma imagem do Sagrado Coração de Jesus bem no centro, do lado esquerdo uma imagem de Nossa Senhora do Carmo, por quem ele tinha grande devoção, e do lado direito ele colocou a imagem da minha santa de Santa Teresa de Ávila.

Naquele dia eu olhei bem para aquela imagem do Sagrado Coração de Jesus e pedi que tivesse compaixão da minha filha, que a curasse por completo daquela doença. Eu fiquei ali parada clamando, clamando, clamando e de repente fui tomada por um sono repentino. Sentei sobre uma almofada e encostei minha cabeça em uma cadeira e adormeci profundamente. Tive um sonho lindo e profético. Vi minha filha caminhando feliz com um filho nos braços ao lado de um homem. Todos sorriam e estavam vestidos de branco. E mais adiante vi Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Ávila se aproximando de Jesus e fazendo uma reverência, e depois seguiram juntos para perto da minha filha, mas aí ela já estava na cama, careca e debilitada. Jesus a tomou pela mão e a abraçou forte. Ela ficou resplandecente no mesmo instante e começou a correr pelo quarto.

Quando acordei olhei o relógio. Não tinha passado muito tempo. Apenas uns cinco minutos. Corri para o quarto de Rosimeire e bati na porta. Seu rosto surgiu pela porta entreaberta e trazia um largo sorriso. Ela me disse:

– Tive um sonho lindo mãe. Eu estava casada e tinha um filho nos braços. Passeávamos em um lugar muito bonito e estávamos todos muito felizes e de roupas brancas...

Para não alongar mais a história, vou dizer resumidamente o que aconteceu depois deste dia. Ela terminou todas as sessões de quimioterapia e se recuperou muito bem de todas elas, e quando voltou para fazer os exames o câncer havia desaparecido. Mas não é só isso.

Alguns anos depois ela conheceu um belo rapaz por quem se apaixonou e com quem se casou.

Cinco anos após o tratamento do câncer ela ficou grávida e deu a luz um lindo garotinho de nome Rafael, e para surpresa de todos nós ela o amamentou com apenas uma mama. A outra havia sido muito mutilada, devido a cirurgia para a retirada do tumor.

Hoje ela está totalmente curada e já faz planos para um segundo filho. Como somos gratas a Deus por esta vitória! Nunca desistimos de acreditar no milagre, nem nos momentos mais difíceis.